quarta-feira, 19 de maio de 2010

...DESNUDAR-ME? DÓI, COMO DÓI.....


Dispo-me frente ao espelho...
Carne, pele,músculos, pelos, cabelos, dentes...
Vejo uma mulher comum
Saída de uma fôrma há milênios
E nunca modificada
Tão simples despir-me......

Quero desnudar-me....
Dói desnudar-me...Dói muito...
É dor que dilacera, que sangra, que desperta feridas...
Mas tento...
Pouco a pouco, penetro no porão desse meu “ser” vestido de mistérios
Enrosco-me em teias enredadas há anos
Sinto o cheiro de mofo e cubro-me da poeira do tempo
A garganta pigarreia e os olhos ardem
Tanta coisa de mim, ali, abandonada
Tempestades prestes a desabar, todas encaixotadas
Vontades e sonhos contidos....engarrafados
Desejos e amores calados.... engavetados
Emoções acorrentadas
Palavras inertes, vazias, habitando cadernos embolorados

Despir-me é um ato tão simples
Desnudar-me é tão dolorido
Não sei se um dia serei capaz...
Deixo tudo lá, intocado
Saio do “meu” porão devagarinho
Parece-me que cometo um sacrilégio...
Profanar seres há muito sepultados...
Escondo a chave sob o tapete do esquecimento
Preciso livrar-me dela...
Olho para mim, para minhas mãos...
Tenho apenas vestidos rendados, saias floridas, meias de seda....
Visto-me...Dispo-me...Sou uma mulher comum....
Desnudar-me?
Não tenho coragem para tal . Agora não...Ou não seria essa a hora?
Tenho medo...Quem sabe amanhã?...Ou depois?...Um dia, talvez.....

Serei uma nova mulher, invulgar, completamente diferente da que fui até agora....
Calo meus pensamentos .....Prefiro não pensar....

2 comentários:

  1. tenes que desnudar el alma verte ante el espejo y decirte a partir de hoy voy a ser una nueva mujer, no mirar el pasado ni el futuro vivir el presente que el futuro viene solo
    besossss

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  2. TENTE E NÃO TENHA MEDO
    BEIJKAS

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