domingo, 28 de março de 2010

RETRATO EM PALAVRAS


Oi, uma boa tarde...
Cá estou eu, meio tímida, chegando devagar, olhando para os lados....É complicado chegar a uma nova casa, sem conhecer a vizinhança, sem saber como serei recebida.....Nem sei por onde começarei a arrumação dos meus pertences. Tenho apenas um espaço...vazio e sem a minha assinatura. Tentarei, aos pouquinhos, mostrar um pouquinho de mim.....em cores, formas e se, possível, acrescentar um cheirinho bom e algum sabor....
Desculpem, comecei com um bla bla blá e não me apresentei...coisas de quem tem as palavras saltitando e, por isso, às vezes, "se atropela" um pouco, melhor dizendo...sou atropelada pelas palavras....Ponho a culpa nelas.....

Sou feita de detalhes e detalhes bem detalhados. Gostaria de dar respostas monossilabadas, de me ater a “sins”, “nãos” ou, no máximo, a frases de 4 ou 5 palavras. Mas não...sou feita de detalhes.. e de muitas palavras. Gosto de colorir substantivos, tirar-lhes o tom cinzento da solidão, adjetivando-os. Adjetivar substantivos é dar-lhes beleza e personalidade....Uma flor é apenas uma flor. Para se tornar “a flor”, ela precisa de características, afinal, toda flor é vaidosa e gosta de se diferenciar de outra flor. Faço-lhe o gosto, a ela e a todos os outros substantivos.
Meus verbos não gostam de rotina. Sofrem da “Síndrome da transitividade”, precisam de complementos. Dou-lhes todos e ainda, mimo-os com os advérbios, modificando-os. A simples ação de cantar, de dormir, de limpar pode ser enriquecida com um tempo, um modo, uma companhia.... Com complementos e circunstâncias, saem os verbos da mesmice do dia-a-dia, imponentes.
Na seriedade do escrever e do falar, brinco com as idéias, jogo com as palavras e ponho, em cena, as figuras de linguagem. É quando o sol, preguiçoso, boceja; é quando ouço o repetido “pouca terra, pouca terra, pouca terra” do trem que chega bufando à estação .... E nesse palco recheado de conotações, vou me disfarçando, rindo pra não chorar, gritando um “NÃO” querendo sussurrar um “sim”, congelando meu coração, caminhando, muitas vezes, sobre brasas,......
Falando em caminhar....meus caminhos são muito pontuados...São entremeados de vírgulas (pausas se fazem necessárias): ponto e vírgula (como se fosse uma soneca ao fim do almoço); pontos de interrogação que podem vir acompanhados de exclamações com todas as entonações necessárias, alem de caras, bocas e olhos arregalados... Em meio a tudo isso, há os parênteses e é dentro deles que guardo o que me é mais íntimo....Sou fã dos apostos, uso e abuso deles, gosto das coisas bem explicadas e especificadas com todos os pingos nos “is”. Mas não esqueço os vocativos...tudo e todos gostam de ser chamados por seus nomes, se não os sei, invento-os.
Agora, o que mais gosto são as reticências.... Sou uma mulher sem conclusões, sem verdades definidas ou definitivas, cheia de dúvidas, com o pensamento sempre inacabado e em constante movimento.... e vou deixando espaço para concluir mais tarde ou para, quem preferir, concluir o que eu não soube (mas não por mim)....
O ponto final, deixo-o para o final do meu “grande texto”. E até nessa hora, as minhas “orações” não serão simples, serão compostas e cheias de conjunções. Coitado de Deus quando for me julgar, analisar meus períodos de vida, a maioria, compostos e complexos.... o que fui, o que coloquei entre aspas, o que destaquei em negrito, o que deixei de sublinhar.....Já O vejo com as mãos na cabeça dizendo : “Você foi feita de tantas palavras....Agora sei o que é ter uma bíblia nas mãos e ser obrigado a lê-la!....” E eu, atrevida, não me calarei...”Você,meu Pai, pelo menos,não teve o trabalho de escrever Suas palavras, escreveram-nas pra Você. As minhas, não,...foram escritas de próprio punho, literalmente.... gastei foi saliva, suor, lágrimas, lápis e muito papel...Isso sem contar as unhas quebradas na digitação e os olhos cansados frente a uma telinha de computador. Palavras que foram escritas em linhas,muitas vezes, sinuosas, nas quais, para me equilibrar tive que rebolar, não no sentido denotativo da palavra, entenda bem!....”
Acho que nem nessa hora vou fazer uso do ponto final, pois Deus ficará um bom tempo refletindo, pensando na minha sentença (será que vou para o quarto escuro ou ficar de cara pra parede com orelhas de burro??...dúvidas cruéis...espero que Deus seja adepto da psicopedagogia contemporânea...). Enquanto isso, continuarei nas reticências.....dando-Lhe todos os detalhes e explicações necessárias...e as que não forem, também, é claro............

Pra facilitar, sou a Lu...Simplesmente, apenas Lu...Fácil, não!!!!

6 comentários:

  1. Oi, mãe! ADOREI! Enviei convites para algumas pessoas. Fico feliz por você ter gostado da idéia. Agora é só divulgar e rumo ao "Prêmio Jabuti".
    Bjão

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  2. Prêmio Jabuti??? Nunca ouvi falar...desculpe minha ignorância..huahuahuua..mas a mamãe merecia um prêmio melhor...kkkkk....a melhor mãe do mundo....mãe, não se debulhe em lágrimas ....aproveita meu minuto de bondade..jkkkkkk

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  3. Luluzinha, adorei o seu blog. Prêmio Jabuti SIM !!!!!!!!!Bjsssssssssss

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  4. Essa eu li quando te conheci na biblioteca Nacional. Muito Bom. Parabéns.
    bjsssss

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  5. no se que premio es el jubuti pero para mi le corresponde el PULITZER DE LITERATURA
    Me gusto mucho felicitaciones

    besos

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  6. no se que premio es el jabuti pero para mi le corresponde el PULITZER DE LITERATURA me gusto mucho felicitaciones

    besos

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