terça-feira, 30 de março de 2010

EM DOIS TEMPOS....

Brinquei de panelinha, fiz batizado de boneca
Escutei música... de ouvido colado no rádio
Li livros às escondidas, sonhei com príncipes encantados
Virei princesa, conversei com as estrelas
Dei aula pra índios, fui árvore frutífera
Fui bicho no cio, fui vassoura, tanque e fogão


Descobri que o cavalo do príncipe
Era feito de monóxido de carbono
A princesa que só andava na garupa...morreu
Transformei-me em bruxa
Fui queimada na fogueira
Mas ressurgi, qual Fênix, das cinzas
E continuei a conversar com as estrelas

Hoje, vez ou outra, venho ao quarto
Fecho tudo e pego a minha mala de couro enrugado
e cheia de naftalina por causa das traças
Tiro tudo isso de dentro dela e limpo com carinho
Escondo de novo
Apenas uma rosa me acompanha nesse tempo todo...
Plantei-a na infância
Cultivei-a na juventude
E agora,mulher, ponho-a nos cabelos presa por dois grampos
Todas as noites, ela “envivece” ao lado da cama numa jarra de água fresca
E o dia em que ela começar a murchar, a despetalar?
Aí, pego um lenço de seda, deposito nele suas pétalas sem vida e enterro num vasinho
[branco
Vai ficar ao lado da cama onde ficava a jarra de água
Com os dois grampos que a acompanharam, farei uma cruzinha e colocarei em cima
À noite, rezarei uma Ave Maria e regarei a terra com lágrimas...
........de alegria ou tristeza....tanto faz
Quem sabe, um dia, ao amanhecer, não comece a brotar ali, ao meu lado,
[uma nova rosa?
Mas enquanto isso....enfeito-me com ela e continuo a conversar com as estrelas.....

Um comentário:

  1. Todos los días nace una nueva rosa solo hace falta encontrar la que nosotros queremos.
    besossss

    ResponderExcluir