quarta-feira, 31 de março de 2010

EU E O TEMPO


Ah... o tempo!... Poderoso tempo! Comandante da vida...Benevolente, amoroso, algumas vezes, mas outras, cruel e dramático...mas invencível, incontrolável...atuando dentro e fora da gente.
Tenho vontade de segurá-lo entre as minhas mãos, mas ele escorrega pelos dedos.. Tenho vontade de jogar fora ou quebrar todos os relógios, de trocar o dia pela noite, de fazer qualquer coisa para enganá-lo, fazê-lo andar conforme minhas vontades ou, até, quem sabe, fazê-lo desaparecer, me tornar intocada por ele. Ou quem sabe, poder dobrá-lo, guardá-lo no fundo de uma gaveta e esquecê-lo. É o cúmulo do devaneio, sei bem... mas, de alguma forma, não sei como, consegui ludibria-lo. Consegui? Não, ele permitiu ser ludibriado, ele o quis, não eu. Explico. Tenho consciência de que sou uma mulher que já percorreu um longo caminho, acumulou experiências...boas, más, péssimas, que sofreu, foi feliz...Essa é a mulher que se apresenta ao mundo, a que todos conhecem, mas é apenas uma parte daquilo que sou na íntegra. Essa mulher não está só, existe uma outra pessoa, bem aqui dentro, com o mesmo tempo de estrada para quem o tempo tem passado lentamente. Essa, não se tornou uma mulher, ela continua uma menina, menina irriquieta, atrevida, bem humorada para quem a vida é uma eterna festa. As duas convivem muito bem, conversam, se aconselham, mas cada uma sabe o seu lugar, os seus limites, a sua hora e a sua vez. Essa menina aprendeu muito com a mulher, deixou de lado aquela inibição de quando tinha pouco tempo de estrada, se tornou mais questionadora, extrovertida... E a mulher, por sua vez, aprendeu com a menina tornando-se menos preconceituosa e se policiando para não se perder em rabugices e manias próprias de quem já trilhou um longo caminho. Mas há algo que me assusta. Por enquanto, elas se encaram, se confrontam e se veem uma na outra, estão ajustadas. Daqui a um tempo, talvez ao se defrontarem, tenho medo que já não se reconheçam. A mulher, já mais atingida pelo tempo, será que terá coragem de encarar a menina, tão jovial nas idéias e nos sonhos? E a menina, por sua vez, cheia de vida e de vigor será que aceitará ter naquela mulher com marcas profundas do tempo a sua roupagem, a sua vestimenta? Esse é o meu medo. Ah, o tempo!.. Bem que a partir de agora ele poderia agir ao contrário, ser mais atuante na menina, tornando-a menos sonhadora e mais realista...e ser mais preguiçoso com a mulher, permitindo que a vida não lhe deixe marcas tão acentuadas. Aí, sim, seria atingido o equilíbrio. Mas, isso não sendo possível, afinal o tempo é onipotente, torço pela menina, que ela vença sempre e se chegar o dia em que a mulher esteja se tornando ranzinza, que seja nocauteada pela força de viver. E se com esse nocaute, os “vexames” surgirem, que todos eles sejam com classe e elegância, sempre de “salto alto”, sem vulgaridade e isso eu não dispenso (afinal, a menina aprendeu muito com a mulher!). Que elas se entendam, que entrem em acordo, que a mulher permita que a menina esteja no comando, será bom para as duas. E ao se defrontarem no espelho que se reconheçam....que a mulher tenha no olhar e no sorriso o brilho e a graça da juventude e a menina tenha nos atos, por mais irreverentes que sejam, a sabedoria e a elegância da maturidade.
É isso que desejo para mim, é isso que desejo às mulheres...Penso que assim estaremos de bem com a vida, independentemente do trecho que estamos trilhando nesse longo e muitas vezes, tortuoso caminho....de ser e se sentir mulher!!

Um comentário:

  1. El tiempo es la muerte como también es vida , el es el único que comanda todas nuestras vidas ,pero también es el único que todo lo cura.

    besossss

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