quarta-feira, 31 de março de 2010

MULHER EM VERMELHO E PRETO OU A MULHER COM A BOLSA DE VERNIZ


Unhas vermelhas
Garras que arranhavam
Que lanhavam a pele
Boca vermelha
Que salpicava flores
Pelo teu corpo
Coração-vulcão
Lavas de sangue que fervilhavam nas veias...
...vermelho

Sangue na carne...vermelho
Na tua...na minha...
A bolsa preta de verniz...Onde estava?
Perdida em qualquer canto...Não importava

Passos passados...em vermelho vivo...
De preto....apenas a bolsa
Toc....Toc.....Toc....

Olho-me agora no espelho
Não me reconheço
Unhas partidas, sem cor
Boca esmaecida, caída
Lágrimas negras de rímel escorrido
De vermelho...só os olhos...
Coração negro, enlutado
Olho-me no espelho...negra vida
Lavo o rosto
A bolsa preta de verniz, agora, ao meu lado
Lixo e envernizo as unhas...de vermelho
Retoco o rímel....essse, bem negro
Pingo o colírio....olhos vermelhos, agora não
Repasso o baton.... vermelho
O coração não dá pra colorir...continua negro...
Disfarço-o
Envolvo-o com um véu branco e brilhante
Emoldurado de uma boca, já vermelha e extravagante
Olho-me no espelho
Reconheço-me
Sigo em frente...com a bolsa preta de verniz
De salto alto, meias de seda (camuflam caminhos tortos...negros)
Toc....Toc....Toc....
Mulherzinha.....Mulherão....
Apenas uma mulher com a sua bolsa preta de verniz
Passos passantes......caminhantes.....
Ora em preto....Ora em vermelho.....
Mas sempre com a bolsa preta de verniz
Toc....Toc....Toc....

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