O RIO DE JANEIRO SOB O VÉU DO LUTO.....

Mais uma vez, o Rio foi acordado ontem (7/abril) pela tragédia, não provocada pela natureza, mas pelas mãos de um único ser humano...doze futuros promissores foram calados para sempre por um louco. Não sei o que pensar, o que dizer, estou atordoada, apenas sinto....Sinto uma dor que em nada se compara, eu sei, à dor dos que vivenciaram o fato e, principalmente, á dor dos que perderam um ente querido tão jovem. Minha vontade é fazer como o avestruz, que faz um buraco na terra e lá enfia a cabeça na tentativa de se livrar do medo. Mas vontade é coisa que dá e passa. A tecnologia, a globalização, a mídia não dão sossego e as notícias, as imagens, o choro proliferam em escala geométrica. Não tenho como me esconder, me alienar para não sofrer. Muito está sendo dito. Deixo por conta dos especialistas todas as explicações sociológicas e psicológicas do ocorrido (se é que há explicações...). Penso no que tenho ouvido de pessoas á minha volta....”Viu, ele era adotado!”...”Como ter filhos num mundo tão cruel!”..e por aí vai.. Abençoados os que, movidos pelo mais sublime sentimento amoroso, adotam uma criança e quanto a ter filhos...que venham crianças que possam fazer a diferença num mundo tão conturbado e viciado em crueldades. Ainda não consegui digerir o acontecido e acho que nunca conseguirei, que não conseguiremos. Tento me concentrar num único pensamento..”Não quero perder meu encantamento pelo ser humano”, sem encanto, a vida não vale a pena. Esse rapaz, em alguma curva da sua existência, perdeu o encanto por ele mesmo e acabou enlouquecendo tão doentiamente. Deixo de pensar nesse louco e me volto para os seres realmente humanos, os que socorreram as crianças e, principalmente, os familiares dos que, sem a sua criança tão amada, não terão mais uma noite descansada e bem dormida. A eles, as nossa
s orações, os nossos pensamentos positivos de amor, fé e força.
Seres humanos com atitudes animalescas, dizem muitos. Animalescas? Animais não matam em série. Lembro-me de um ditado popular e com o qual não concordo muito...”Quanto mais conheço o homem, mas amo meu cão!” Eu mudaria para...Quanto mais conheço o ser humano, mais quero agir como um cão! E quero mesmo...Quero “farejar” o que está à minha volta com a mesma curiosidade da primeira vez, para assim, dar vida e encanto à rotina. Quero “abanar o rabinho” para o meu semelhante, seja ele de qualquer raça, credo ou ideologia política...Quero “rosnar e arreganhar os dentes” para quem investir contra o mais fraco...Creio ser muito difícil agir como um cão. Enquanto faço meu treinamento pra me tornar um ser humano melhor, continuo na estrada, tentando de maneira sã, conviver com a loucura do mundo, priorizando as atitudes mais banais, mais simples, mais originalmente humanas...Será que esse rapaz alguma vez acompanhou o crescimento de uma plantinha ou de um animal? Será que ele alguma vez misturou o brilho do seu olhar ao brilho das estrelas? Quem vai saber? Talvez sim, talvez não.O que isso agora importa? Fica o grito sofrido das almas dos que se foram e dos que ficaram. Pra ele, o Wellington, o assassino, não sei. Tento me tornar um ser humano melhor, por isso, a ele também uma oração...Sinto-me melhor assim......
Luz a todos......



Que em meio à tanta escuridão do mundo, cada um seja um pouco a luz do outro.

http://www.youtube.com/watch?v=Y0OiZ2uN38s